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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Carijó não acredita no rompimento de Tayah com Amazonino

Em entrevista ao repórter Elcimar Freitas, o ex-presidente da Câmara de Vereadores, Luiz Alberto Carijó, diz por que desobedeceu ordem do partido, o PTB, e votou no candidato do prefeito Amazonino Mendes, Homero de Miranda Leão. Ele afirma também que Isaac Tayah é amigo do prefeito e que anos de amizade não se desfazem em apenas um dia. Quanto aos eleitores, Carijó adverte que há mensagens que precisam ser decifradas pelos políticos. E dá como exemplo a eleição do comediante Tiririca em São Paulo. O número de votos dados ao Tiririca, segundo ele, mostrou um opção individual sobre uma opção coletiva, um desprezo com relação instituição política . "Foram votos de protesto".


Elcimar – Seu nome foi cogitado para um terceiro mandato, mas o senhor não quis. Por que?

Carijó – Sim, quase todos os meus pares queriam a minha reeleição, me propuseram isso no ano passado e eu fui contra. Eu fui contra por princípios, eu sou contra a reeleição, não é só para presidente da Câmara não, é para todo e qualquer cargo. Porque eu acho que desvirtua o processo democrático. O processo democrático tem que ter tempo de validade, nós temos um tempo de validade. A alternância do poder é necessária e salutar. Qualquer alternância, em qualquer poder, é bom, porque o excesso de tempo no poder é que geram os vícios. O excesso de tempo no poder é que geram os desvios de conduta, o excesso de tempo no poder desfoca daquilo que é o principal e importante,porque é especifico e menor. Eu acho que nós, como pessoas e como políticos, temos um outro tipo de condução à população, que está sinalizando mudanças nesse tipo de comportamento, em não admitir mais determinados comportamentos da nossa elite política. E mandou alguns recados nessa eleição. Nós temos que perceber quais são esses recados, sob pena de haver uma grande renovação nas próximas eleições, ou de haver extremismo de colocar pessoas que vão acabar sendo uma ruptura ou um processo semelhante, porque ( a população) está insatisfeita.

Elcimar - Que recado é esse da população?

Carijó - A eleição do Tiririca é muito preocupante. Não por causa do Tiririca como homem do povo. Ele tem todo o direito de ser candidato e tem todo direito de ser parlamentar, mas o número de votos mostrou um opção individual sobre uma opção coletiva, um desprezo com relação instituição política total. Foram votos de protesto, especialmente de protesto. Então numa cidade, num estado que tem os maiores índices de desenvolvimento do país - não estamos falando de rincão de atraso. Não estamos falando de um estado subdesenvolvido, mas do estado mais desenvolvido do país. Isso é um sinal, um recado da população. E sobre o rastro dele, elegeram-se quatro outros deputados, que estão descompromissado com esses eleitores. Aliás, estão descompromissados com tudo, que se aproveitaram da avalanche de votos para se beneficiar . E isso é ruim para a sociedade. Ruim paro processo democrático e ruim para o parlamento. Não desqualificando e nem desmerecendo ninguém, porque que eu acho que qualquer cidadão que tenha título de eleitor tem condições de ser candidato,desde que tenha uma plataforma, desde que tenha princípios e queira fazer alguma coisa pela população. Nós não podemos ser reféns de projetos individuais nem de projetos partidários. Os nossos projetos dizem respeito a projetos regionais e nacionais. É dentro desses projetos regionais e nacionais que tem de inserir o nosso projeto particular e não o inverso. Sempre o inverso parte de um projeto particular, pessoal. Detesto na linguagem da política é a denuncia. E essa é a marca da nossa política nacional, infelizmente. Mas as coisas estão mudando. Nós estávamos engatando na democracia.Hoje, nóss saímos, digamos, da fase da infância, estamos na adolescência e temos de buscar a maturidade. Na busca da maturidade nós vamos perceber que valores que eram tão importantes antes e que eram, digamos, os refrões anteriores, deixaram de ser importantes. Os valores são outros, hoje. Os princípios são os mesmos, mas os valores são outros e a valorização desses princípios
também.

Elcimar – A executiva do seu partido reuniu-se cerca de 48 horas antes da eleição na CMM e orientou votar em Tayah, mas mesmo assim o senhor votou no Homero e hoje o PTB quer lhe tomar o mandato?

Carijó - Eu acho que, primeiro, uma decisão partidária a gente não deve discutir fora.. Primeiro eu vou aguardar a notificação partidária para eu discutir, para me defender internamente. Eu entendo que essa questão não é uma questão problemática. Eu assumi a candidatura do Homero porque eu me apalavrei com Homero, sou membro da situação e
quando eu conversei com prefeito (Amazonino Mendes), ele entendeu, que naquele momento , o Homero reunia condições de ser o candidato, até porque o vereador Isaac Tayah não era candidato, não tinha semanifestado como candidato, não tinha conversado comigo e não tinha conversado até aquele momento com o prefeito. E eu me comprometir com o Homero. Meu pai me ensinou uma coisa: “Palavra de homem é uma só: deu a palavra, acabou”. Eu disse ao vereador Isaac Tayah, antes da votação: “Vereador Isaac, você é meu amigo, você é meu irmão, mas eu me apalavrei com outro amigo meu, que foi o Homero. Não me leve a mal, mas agora meu voto está consignado e não poderei ter outra atitude”. Mas não saí da condição de presidente para ser cabo eleitoral de ninguém. Isso eu prometi ao vereador Isaac e me comprometi com a bancada toda e cumpri. Eu cumpri por que? Tanto o vereador Isaac quanto o vereador Homero são vereadores valorosos, são vereadores que têm caráter, têm princípios, têm família e eu prezo e respeito a
amizade de ambos.

Elcimar – Estamos perto de uma eleição municipal. A eleição de Tayah já é um sinal de que a CMM será contaminada no período pré-eleitoral?

Carijó - Com certeza, não. Não podemos deixar que o processo pré-eleitoral contamine a Câmara Municipal e que, digamos, o palanque saia da rua e entre para dentro da Câmara. Não podemos permitir isso. Eu não permiti durante processo de eleição e veja: nós tivemos eleição para deputado estadual. Tínhamos 19 vereadores candidatos e não faltaram uma sessão. Não se teve todas as sessões extraordinárias, não fizemos recesso branco, votamos todos os projetos, foi o ano mais produtivo. mesmo com eleição. Mesmo com eleição não nos deixamos contaminar, não permitimos que se instalasse CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para que essa questão não fosse contaminada pelo processo eleitoral. E nós não podemos permitir que a campanha da rua entre dentro do parlamento e contamine a agenda parlamentar. É claro que nós, como políticos, temos que expressar nossa preferência, temos que defender nossa posição, mas com princípios, com elegância, de forma cavalheiresca nas teses, no programa e na forma de governar. E não uma guerra de guerrilha para desgastar um lado ou outro. Esse tipo de política a população abomina. O cidadão comum odeia esse tipo de política e quer saber uma verdade. Eu também.

Elcimar– Presidente, o senhor acha que, com essa eleição do Isaac Tayah, acabará ocorrendo um duelo entre CMM e PMM, ou o senhor entende que está na hora de o novo presidente descer do palanque?

Carijó - Eu acho. Veja bem, eu acho que são duas questões distintas. A preferência eleitoral vai se expressar no momento adequado. Agora, eu acho que não pode prejudicar a cidade. Até a eleição tem muita coisa para fazer pela cidade. Nós temos que nos preparar para uma Copa do Mundo. Então o prefeito precisa preparar a cidade para Copa do mundo, ele precisa do apoio da Câmara. Acabou a eleição, ambos têm que sair do palanque, pois o vereador Isaac é presidente de uma instituição, precisa do apoio de todos para governar, porque também não se governa uma instituição sem apoio dos seus próprios pares. Se não fica uma instituição fraca e nós temos que ter uma instituição forte. Um presidente fraco não interessa a ninguém: não interessa ao prefeito, não interessa à bancada dele, não interessa a ninguém. Porque um presidente que é fraco, é fraco no processo dele. Nós precisamos ter total e qualquer apoio de todos, para que o presidente possa conduzir as discussões da cidade, que são cada vez mais complexas e mais
difíceis.

Elcimar - Mas houve um rompimento de Tayah e Amazonino

Carijó - O vereador Isaac não foi, digamos, o candidato oficial da base. Mas ele era, até há pouco tempo, o líder do prefeito e também amigo do prefeito. Uma amizade não se rompe assim da noite para o dia, pelo menos eu acho. Mas se não tem mais a relação de amizade, tem a relação profissional, que é aquela relação de respeito, aquela relaçãode harmonia que tem que ter os poderes. É claro que aquilo que for de interesse da cidade, tem que ter apoio de todos os vereadores. Aquilo que for bom para cidade, tem que ter o apoio de todos, inclusive da oposição. A oposição não pode fazer um oposição raivosa. Se existir alguma coisa de errado, tem o direito de fazer a fiscalização, tem o direito de ir à tribuna cobrar providências, tem o direito de ir parao Ministério Público mandar fazer esclarecimento e apurar os fatos. Mas não pode inviabilizar a cidade daquela teoria de quanto pior, melhor, porque o que está piorando não é o governo do prefeito
Amazonino.

Elcimar - Se o vereador Isaac não estiver com esse pensamento, mas o de vingança ?

Carijó – Sim. Nós vamos perder a oportunidade de preparar a cidade para recepcionar um grande e mega evento e vai ser, para mim, um desastre, se agente não receber esse evento. Quer dizer: vai ser um atestado de capacidade técnica da cidade de Manaus, a cidade que mais cresceu dentre as capitais e nós não estarmos preparado. Não conseguir resolver nossos problemas é dar um atestado de total incapacidade de que agente não é capaz de resolver nossos problemas. Temos de começar a resolver e aí essa agenda tem que codificar todos nós da situação, da oposição, independentemente de tudo.Porque estamos falando da nossa cidade, das nossas famílias. Se amanhã a gente deixar de ser parlamentar, mas continuaremos sendo cidadão da cidade Manaus, não podemos esquecer disso. E aí, como nós vamos encarar as pessoas, as nossas famílias, os nossos filhos, nossos amigos?

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