RICO NÃO INVADE. RICO OCUPA
Construir sobre cursos d'água ou próximo deles resulta, quase sempre, em tragédia. Foi assim ontem no porto Chibatão, onde uma parte do rio Negro acabou aterrada para dar lugar ao empreendimento. O desmoronamento da estrutura do porto - com mortos e feridos - pode se repetir em outros locais, igualmente aterrados ou invadidos. E são áreas que, sem nenhum esforço, podem ser pontuadas e identificadas. Na década de 80 um terreno de aproximadamente 5000 metros quadrados, às margens do igarapé do 40, foi invadido no bairro Japiim. A polícia retirou os invasores, mas a área foi ocupada em seguida - sem nenhuma resistência do poder público - pela família Daou, que construiu ali um shopping e até condomínios. Ao estender seus domínios sobre um terreno que era da sociedade, os Daou repetiram a invasão anterior, feita por famílias pobres, mas na visão do governo da época, agora não se tratava de invasão, mas de ocupação para preservar um cartão postal, que representava a saída do distrito industrial da Suframa. A área é composta por solo arenoso e instável, suscetível a afundamento da estrutura montada.
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O Manauara Shopping também está em terreno arenoso. O caso se repete com o shopping Millenium Center, todos construídos às margens de igarapés ou sobre cursos de rios aterrados. Numa cidade metrópole como Manaus, a não existência de um plano de prevenção de risco, que concentre uma vigilância permanente sobre esses imóveis que em tese estariam distantes das encostas de barrancos e portanto não sujeitos a desabamentos, acaba se tornando uma vergonhosa irresponsabilidade do poder público.
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Essas áreas se tornaram densamente habitadas ou frequentadas por milhares de pessoas. Até um nova tragédia, pode demorar pouco e custar muitas vidas. Mas Manaus é uma cidade onde a invasão de risco só é invasão quando é feita pelos mais pobres. Rico não invade. Rico ocupa. E sai das tragédias que provoca sem que lhe seja atribuída qualquer penalidade. Falta consciência inclusive dos mais abastados sobre o risco que é construir sobre igarapés. E há um criminoso conluio do poder público com essas pessoas ou grupos econômicos, o que é lamentável.
A FORÇA DA GRANA
A derrota do deputado Marcelo Serafim serviu para revelar que sem dinheiro ou sem a máquina ninguém (ou quase ninguém) ganha eleição no Amazonas. Marcelo, que se tornou o deputado mais atuante da bancada do Estado na Câmara Federal, foi eleito em 2006 com 92.241 votos. Quatro anos depois obteve apenas 69.798 votos. E teria sido reeleito caso sua votação fosse os mesmos 92,241 votos da eleição anterior. A última vaga de deputado federal será ocupada por Henrique Oliveira, da mesma coligação de Marcelo, que teve o apoio de 85.535 eleitores.
"PAIZÃO" DE FORA
O deputado Marcos Rota será o próximo presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas. Rota tem o apoio do governador Omar Aziz. Pela primeira vez o "Paizão", como é conhecido o deputado Belarmino Lins, pode nem entrar na disputa. Lins está sendo aconselhado a não sair candidato, embora jã tenha anunciado a sua pretensão de concorrer ao cargo.
AMAZONINO "CRIA" CARGOS
O prefeito Amazonino Mendes encaminhou à Câmara Municipal de Manaus um projeto que deve entrar na pauta de votação da Câmara Municipal de Manaus ainda esta semana e que cria a Controladoria Geral do Município e a
Secretaria de Finanças. Na CGM serão criados 45 cargos efetivos, entre analistas técnicos e assistentes de controle interno, além de 37 cargos comissionados e seis funções gratificadas. O controlador-geral e o adjunto, que serão indicados pelo prefeito terão salários de secretário e sub, respectivamente. Já na Secretaria Municipal de Finanças serão criados 58 cargos em comissão.
IMPRESSÕES DEMOCRÁTICAS
Para o deputado federal eleito Pauderney Avelino (DEM), a candidata presidencial do PT é uma garimpeira de estirpe. Ele postou no Twitter pérolas que seriam da lavra de Dilma Rousseff, ditas durante o debate da Rede TV!: “A Dilma disse algumas pérolas: a pessoa humana (sic). O Brasil foi o primeiro a entrar e o último a sair(da crise internacional).
QUASE CIVILIZADO
O debate entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), realizado ontem ela Rede TV! e o jornal Folha de S.Paulo teve um clima menos agressivo e os candidatos até conseguiram falar de programas e projetos, embora sem muitas novidades. A petista prometeu deixar de cobrar PIS e Cofins sobre a energia elétrica.
AMAZONAS DE FORA
Enquanto Dilma Rousseff se preocupou em cortejar os eleitores de São Paulo, afirmando que eles sabem o que querem e, no fim do debate, fez menção a iniciativas ambientais sem se reportar ao Amazonas, o tucano José Serra colocou Manaus na discussão ao falar sobre o apagão que a cidade sofre o o governo petista não consegue resolver.
DIA DA FOTOGRAFIA
O fotógrafo Miguel Chikaoka, de Belém, foi o personagem do Photovivência, promovido ontem pelo Retratando, coordenado pelo fotógrafo Alexandre Fonseca. Chikaoka falou sobre sua experiência com a fotografia, de projetos de inclusão social voltado para infância e das peculiaridades de escrever com a luz, passar sentimento com fotografia. O evento ocorreu no Espaço Thiago de Melo, na Livraria Saraiva.
PONTO DE VISTA
Para o ex-prefeito Serafim Corrêa (PSB), que concorreu como vice-governador pela coligação de Alfredo Nascimento (PR), os eleitores já fizeram suas opções quanto a votar em Dilma Rousseff ou José Serra. Ele diz que “os que restam vão esperar os debates.” No caso do Amazonas, esse ‘resto’ é superior a 400 mil eleitores, embora a candidato do PT não esteja preocupada com a região Norte, quanto mais com o Amazonas.
FATOR MARINA
Quem esperava por um posicionamento de Marina Silva e de seu Partido Verde favorável a qualquer dos presidenciáveis já perdeu a esperança com decisão do PV e da ex-candidata à Presidência de se manter neutra quanto à disputa. Agora, os verdes e o pessoal do Movimento Marina Silva vai votar em quem achar melhor. São 20 milhões de votos que fazem toda a diferença no resultado da eleição presidencial.
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