Total de visualizações de página

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Ser ou não ser candidato a candidato a vereador?

Oito pontos, infinitas possibilidades

Depois que admiti publicamente a possibilidade de ser “candidato a candidato” a vereador nas eleições municipais , passei a interpelar pessoas, sejam elas familiares, amigos ou conhecidos. Essas conversas – que vão se intensificar cada vez mais – ocorrem em suas casas, no trabalho e, algumas vezes, em locais públicos, como clubes, ruas e lojas.
Em todas as ocasiões, tenho procurado contextualizar meu propósito, até porque essas pessoas já conhecem a minha história e não preciso dizer meu nome, quem são meus pais, irmãos e filhos, qual minha profissão. Tenho ouvido, geralmente, palavras de alento, de força e de apoio. Mas, em contrapartida, também tenho ouvido muitas ponderações – e não são poucas – que me fazem refletir.
Abaixo, as ponderações que avalio mais importantes e que, provavelmente, sejam conhecidas por você: “Política é lugar de ladrão, de gente mentirosa”; “Tu vais te transformar em mais um, vais te corromper também”; “Tu podes adoecer, enfartar”; “Te cuida com os que dizem ´sim´, eles vão te trair”; “Se tu não pagares, ninguém vai votar”; “Então, por que ser candidato a candidato?”; “O que vais ser depois?”; “Será que é possível?”
Enfim, será que vale a pena ser candidato e até mesmo vereador numa seara com a atual prática eleitoral?
A seguir, comento cada uma das ponderações e gostaria que você também fizesse isso, deixando sua posição em “Comentários” neste site.
1. “Política é lugar de ladrão, de gente mentirosa”.
A argumentação de que “política é lugar de ladrão, de gente mentirosa” é a campeã de todas. O bom percentual de pessoas que tentam me alertar quanto a isso me chama a atenção não pelo fato das colocações, mas porque são pessoas esclarecidas, com excelente grau de instrução e até com experiência na política em geral, incluindo, aqui, a partidária.
“Política é lugar de gente mentirosa”.

Claro que a política partidária não é um convento de clausura, mas generalizar é ser tendencioso, ou seja, dizer que a política é lugar de gente mentirosa é ser imparcial. Afinal de contas, o que dizer de alguns noticiários, de algumas competições (Fórmula 1, futebol, vôlei, etc.) . Se há mentira é porque há quem, no fundo, as aceite passivamente; vou mais longe: até queira ser enrolado.
Você votaria num candidato a vereador que assumisse o compromisso de fiscalizar atentamente as ações do Executivo (prefeito), legislar sem aumentar despesas? Ou seja, você votaria num candidato realmente sincero? Porque é só a isso que o Legislativo se presta, legislar e fiscalizar. Não a asfaltar ruas, abrir postos de saúde, fazer praças públicas, limpar a cidade, enfim, o agente público aqui não é o vereador, é o prefeito.
Ouso dizer até que boa parte dos vereadores que entram no Legislativo nem sequer tem essa clareza. Para estes, existe uma mistura de papéis e leva meses para cair a ficha. Há aqueles, inclusive, que, para manter a “promessa” equivocada da campanha e não se indispor com os eleitores, acabam se entregando ao Executivo numa troca que compromete todo o processo.
A impressão que me dá é que algumas pessoas querem ter a promessa de que um candidato lhes ofereça uma “casinha no céu tendo como vizinho Jesus Cristo”, mas, diante da promessa não cumprida, vem a já tradicional frase: “Viu, político é tudo igual, promete e não cumpre”. Político é tudo igual ou esse tipo de eleitor é tudo igual?
“Política é lugar de ladrão”.
Penso que lugar de ladrão não é na política, é no presídio, nas penitenciárias, onde deveria ficar quem comete algum delito contra a sociedade. Ora, se o vereador roubar, não vamos ter a ingênua ideia de acabar com a Câmara de Vereadores; se o prefeito roubar, não vamos fechar a prefeitura: prendem-se vereador e prefeito e segue-se o ritmo normal da democracia.
Mas diante desse quadro, sei que nenhuma pessoa chega ao mandato sem o instrumento fundamental dos pleitos, ou seja, o que dá fundamento às eleições: o voto. Todos os parlamentares, sejam eles do Legislativo (vereador, deputado estadual, deputado federal, senador) ou do Executivo (prefeito e vice, governador e vice, presidente e vice), necessitam dos votos para se eleger, e aqui entra o cidadão plena, livre e conscientemente para votar.
Se política é lugar de ladrão e se o candidato não se autointitula parlamentar, é lógico que este necessita passar por uma eleição. Portanto, isso só ocorre porque há os que votam nesse ladrão, não?
2. “Tu vais te transformar em mais um, vais te corromper também”.
Umas das argumentações mais fortes que ouvi nesses quase 30 dias de conversa é que eu vou me transformar em mais um. Entendi que “mais um” seria um ladrão, um mentiroso. Aqui percebo uma grande descrença das pessoas no processo político-eleitoral e percebo que temem pela imagem das pessoas que lhes são caras.
O eleitor, no fundo, conhece os candidatos sérios, éticos, bem-intencionados, e já viu que muitos se perderam ao longo do caminho. Isso é verdade. Mas há os que conseguiram passar pela prova da honradez, da verdade, da seriedade e são, inclusive, mais pobres economicamente do que quando entraram na política partidária. É imperativo que se coloque isso neste debate.
Lembro-me do sociólogo Florestan Fernandes que disse certa vez: “a verdadeira política é bela”, mas que o inverso dela, a politicagem – que é a sacanagem da política – é uma “merda”. “O que devemos fazer diante dessa merda?”, perguntava ele, e logo dava a solução: “Temos que entrar nela, tirá-la com a mão”. Contudo, ensinava, temos uma coisa que não se pode fazer, que é “comer merda”. Se não, explicava, a gente se transforma numa merda.
O que garante que uma pessoa não vai se corromper, pois é comum dizer que o poder corrompe? Nada! Para mim, o que existe como referência é a vida pregressa da pessoa, ou seja, o passado. Diga-me quem fostes e quem és, e eu terei uma ideia do que serás.
Pesquise sobre seu candidato e seu partido, saiba o que fez, o que pensa, que valores alicerçam suas ações em seu cotidiano. Observe quem são seus apoiadores e, depois de eleito, acompanhe suas votações e participe das reuniões a que ele chamar. Não fique pacientemente aceitando o mandato representativo, movimente-se para o mandato participativo.
3. “Tu podes adoecer, enfartar”.
Como tenho conversado com familiares, amigos e até conhecidos mais chegados, todos têm liberdade de falar o que querem, e eu a mesma coisa. Fiquei surpreso com alguns que disseram que temiam pela minha saúde. Senti o carinho desses por mim, por minha vida, por minha perfeita saúde, por minha segurança. Que bonito!
Assim como todo rio deságua no mar, a gente só adoece quando represa, ou seja, existe um fluxo natural de verdade nas relações humanas que deságua na vida, na saúde. Contudo, se houver uma represa, metaforicamente manifestada por mentiras, negociatas, venda de voto em favor de grupos fechados e até do Poder Executivo, ali estará a origem da doença.
Uma pessoa em harmonia consigo mesma, com o outro, com a natureza não adoece. O que faz adoecer são as ações sombrias, por isso, essa colocação de que posso adoecer não me amedronta, pois a verdade é o caminho mais próximo entre as pessoas e ela realmente liberta e traz vida e saúde.
4. “Te cuida com os que dizem ‘sim’, eles vão te trair”.
Engraçado que, durante as conversas que tive com alguns ex-candidatos, candidatos e pessoas sem muita experiência em campanhas, invariavelmente, eles afirmam que tenho que ter cuidado com as pessoas que dizem sim. “Eles vão te enganar, te trair”, avisam.
Sabe, penso que, como escrevi acima, o caminho mais próximo entre as pessoas é a verdade. Eu acredito nas pessoas. Acredito no que elas dizem. Até porque, para mim, elas não me traem, elas se traem. Como uma pessoa vai exigir seriedade dos candidatos, se nem ela, como eleitora, age assim? Mais do que me enganar, me trair, ela se engana, se trai.
Os profetas do apocalipse estão aí para generalizar e dizer que estamos em terra arrasada, que não dá para confiar em candidato, que não dá para confiar em eleitor. Onde vamos parar, se isso realmente for verdade? Ainda bem que não é. Porque, se realmente o nosso planeta fosse esse caos que alguns apregoam, não poderíamos sequer sair de casa.
Mais do que pronto para receber um sim, acredito que estou preparado para receber um não, afinal de contas, “sim” e “não” fazem parte da realidade dual que nos eleva a sermos, hoje, melhores que ontem e, amanhã, melhores que hoje.
5. “Se tu não pagares, ninguém vai votar”.
Essa de “se tu não pagares, ninguém vai votar em ti” é sempre lembrada. De acordo com as pessoas que tentam me aconselhar, os eleitores têm preço, e leva o voto quem pagar mais. Você acerta com um aqui e, se dias depois, outro candidato vier com uma oferta maior, já é tida como normal a mudança.
Isso ocorre e é inequívoco. Mas assim como há os que trocam o voto por gasolina, por viagem de ônibus, por jogo de camisa para o time de futebol, por churrasco, pelo material de construção, enfim, por favores, há também aqueles que pagam para votar.
Há os ideológicos, os simpáticos, os crentes na candidatura. São os denominados votos conscientes e é nestes que penso em concentrar o trabalho, no voto maduro, esclarecido, no voto no programa, na ideia, no projeto, na história. Afinal de contas, o voto não tem preço, tem consequências.
Jamais vou comprar um voto. Jamais vou fazer um favor em troca do voto. Jamais vou dar gasolina para que coloquem o adesivo, o button, jamais. Todos os que forem vistos defendendo a nossa candidatura o farão por uma decisão pessoal, livre e consciente. Desse voto vai ser gerado um compromisso de quatro anos, para um mandato, não do paga aqui, vota lá e pronto!
6. “Então, por que ser candidato a candidato?”
Muitos amigos me falam que a minha vida está bem encaminhada e que não necessito ser candidato. Então: “Por que ser candidato a candidato?”, perguntam.
Quero ser candidato a candidato a vereador porque não sou ladrão, não sou mentiroso, acredito e defendo a verdade, tenho caráter e não vou vender minha alma e comprometer minha história para me eleger, acredito no sim das pessoas, não vou negociar financeiramente votos – nem na campanha nem na Câmara –, enfim, quero ser candidato porque sou um cidadão livre em seus direitos políticos, assim como a grande maioria da população brasileira. As pessoas até podem questionar o meu voto do ponto de vista do certo e do errado, mas jamais, jamais vão questionar se ele teve preço.
Quero ser candidato a candidato a vereador, caso meu partido aceite, para levar propostas exequíveis, sem sonhos, sem promessas impossíveis, baseadas nas verdadeiras funções de um vereador;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque acredito que existem muitas formas de se avançar socialmente, e a política partidária é uma delas;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque vejo dignidade no agente público, nobreza na política e honra nos cargos assumidos, desde que sejam desempenhados com base na verdade;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque acredito na ética como forma de mediar as relações humanas;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque não quero passar por esta existência sem uma experiência político-eleitoral;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque sinto que é possível aliar política a espiritualidade, decência, debate e liberdade;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque quero contribuir com debates e ações que levem vida às pessoas, não morte;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque quero sugerir ações libertadoras em todos os sentidos: do ponto de vista social, econômico, educacional, espiritual, ecológico, enfim, que promovam luz, não sombra;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque percebo que existe um número considerável de eleitores que buscam candidatos sérios, confiáveis, com propostas;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque agora me sinto preparado para assumir essa responsabilidade;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque tenho um grupo de familiares, amigos, ex-estudantes, colegas e conhecidos que, se empenhados na corrente do sim, cada um fazendo a sua parte, lograremos êxito;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque, independente do resultado desse processo – se serei candidato ou não, se vamos nos eleger ou não –, já valeu a pena tudo o que passei até esse momento;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque sei que é possível aliar política a trabalho, embora encare o parlamento também como um trabalho, mas não exclusivo;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque acredito que é possível aliar política com família, incluindo as duas, não excluindo uma em detrimento de outra;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque visualizo que minha vida não vai mudar muito, pelo contrário, minhas crenças, sonhos e desejos vão ter na política mais um aliado, um ENCURTAR CAMINHO;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque sou humano e vivo na polis;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque acredito na negociação, não na negociata; acredito na conversa, não no conchavo; acredito no compromisso, não na promessa;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque quero ser “ponte” para o novo, jamais “muro” do velho;
Quero ser candidato a candidato a vereador porque quero colocar meu ego a serviço do “ego universal”.
7. “O que vais ser depois?”
Uma das colocações que achei assaz interessante foi: “Tudo bem. Vais ser vereador e o que vais ser depois? Prefeito, deputado, governador, senador, presidente?”.
Como expus neste texto, estou me colocando como candidato a candidato. Na sequência vem o deferimento da candidatura, previsto para meados de 2012, a campanha e, se lograr êxito, aí é que vem a legislatura. Cada coisa no seu tempo. Um passo por vez.
Mas destaquei este ponto para esclarecer que não estou fechado a nenhuma possibilidade, estou aberto. Mas percebo que o apego ao cargo ou ao carreirismo leva o candidato a se perder de si e do seu propósito. Portanto, jamais pensei em nada além de ser candidato a candidato a vereador.
8. “Será que é possível?”
Para esta pergunta, feita por praticamente todos com quem conversei até agora, “Será que é possível?”, tenho uma resposta: “Sim. É possível.”
Enfim, sendo possível ou não sendo possível, cabe uma pergunta anterior a esta: será que vale a pena ser candidato e até mesmo vereador numa seara com a atual prática eleitoral? Opine em “Deixar um comentário”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário