Quanto? Em relação a quê? Que tipo de corrupção? Em que segmentos econômicos, políticos ou da vida quotidiana? A estas perguntas, tão presentes em nosso dia a dia, a primeira impressão é dizer: sim nós somos corruptos! Tamanha é a permanente veiculação de fatos ilegais e de escândalos. No entanto se considerarmos o importante relatório da Transparency International de 2010 recém divulgado, vamos ver que a questão é mais complexa.
Este relatório foi feito comparando 86 países, entre junho e setembro de 2010. Em cada país foram ouvidas 1000 pessoas que representariam a totalidade das respectivas populações. Ou foram questionadas via internet, ou por telefone, ou face a face, ou entrevista eletrônica por meio telefônico. Em cada país foi contratada uma empresa especializada. No nosso caso foi Ibope Inteligencia. Estes estudos comparativos têm sempre inúmeros problemas de metodologia. Não cumpre entrar em detalhes. Basta considerar a credibilidade da instituição pesquisadora, a Transparency International, a executora, o Ibope Inteligencia, e os resultados não como verdades quantitativamente provadas e rigorosamente representativas da realidade de cada dia, e mais como tendências na falta de outros dados mais precisos.
Ai começam as surpresas. O Brasil não está tão mal assim. Não mais, por exemplo, de que os Estados Unidos e vários outros países desenvolvidos. Por exemplo, quando perguntado se o judiciário é corrupto nosso índice que foi de 3,2 em 5. Ficou melhor do que países como Estados Unidos, Portugal e Espanha. Quando avaliada a polícia ou partidos políticos, não somos os únicos a os avaliarem mal. Vemos que estes são sempre entre os piores avaliados no mundo. Tal como aqui. Seja em que regime for. Mas quando perguntados se as medidas que estão sendo tomadas pelo seu país contra a corrupção são efetivas, 29% dos brasileiros dizem que sim, igual aos norte-americanos e maior que os austríacos, franceses e alemães.
Sábado Rosiska Darcy de Oliveira escreveu um artigo no O Globo lançando luz sobre a necessidade do combate a violência, a corrupção não se limitar a ações do estado. Elas devem começar por cada um, por nós mesmos. Coincidentemente a Transparency informa que 1 entre 4 pessoas no mundo já praticaram o pequeno suborno. E ao perguntar se no último ano a pessoa praticou esse ato de corrupção, o Brasil fica no último grupo, com somente 4% dos entrevistados o tendo feito. Fica atrás, portanto, de países como Áustria, Luxemburgo, França, Espanha, Estados Unidos. E a policia é o principal foco da corrupção.
Mas ao mesmo tempo, perguntada sobre o engajamento das pessoas na luta contra a corrupção, 73% da America Latina acredita que o cidadão comum pode ajudar nesta luta, 90% apoiariam colegas nesta luta e 81% se imaginam lutando de algum modo contra a corrupção. Índices quase iguais aos da União Européia, respectivamente 79%, 94%, 79%.
Na verdade alguns fatores podem ter contribuído para esta aparentemente melhor percepção brasileira sobre a corrupção. Primeiro é que o episódio do mensalão já tem mais de cinco anos. Influenciou menos nas respostas. Segundo por que temos visto juízes sendo aposentados e afastados dos tribunais, inclusive presidentes de tribunais, bem como políticos sendo processados. A Lei de Ficha limpa é muito recente para esta pesquisa. Tinha apenas 15 dias de vigência quando a pesquisa foi aqui realizada.
Paralelamente, considere-se que a crise financeira, as fraudes de grandes empresas e grandes bancos estrangeiros, a incapacidade do sistema financeiro dos países desenvolvidos em controlar os mercados deve ter agravado a percepção de corrupção nestes países. O que não houve por aqui.
Nos próximos dias o ex Presidente Jacques Chirac da França começará a depor sobre processos de corrupção em que é acusado. A Nigéria iniciou processo contra o ex vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney. O Presidente da Itália Silvio Berlusconi está quase permanentemente envolvido em supostos escândalos de múltiplas naturezas.
Tudo isto leva a algumas conclusões. A corrupção é sim problema mundial. Não tem ilhas neste drama. O Brasil está dentro da média dos demais países com que usualmente somos comparados. Não somos nem melhores nem piores. E mais. Que as populações de todos estes países se dispõem a fazer algo para combater a corrupção. Esta talvez uma das tarefas deste século XXI.
Joaquim Falcão escreve quinzenalmente neste Blog .
Este relatório foi feito comparando 86 países, entre junho e setembro de 2010. Em cada país foram ouvidas 1000 pessoas que representariam a totalidade das respectivas populações. Ou foram questionadas via internet, ou por telefone, ou face a face, ou entrevista eletrônica por meio telefônico. Em cada país foi contratada uma empresa especializada. No nosso caso foi Ibope Inteligencia. Estes estudos comparativos têm sempre inúmeros problemas de metodologia. Não cumpre entrar em detalhes. Basta considerar a credibilidade da instituição pesquisadora, a Transparency International, a executora, o Ibope Inteligencia, e os resultados não como verdades quantitativamente provadas e rigorosamente representativas da realidade de cada dia, e mais como tendências na falta de outros dados mais precisos.
Ai começam as surpresas. O Brasil não está tão mal assim. Não mais, por exemplo, de que os Estados Unidos e vários outros países desenvolvidos. Por exemplo, quando perguntado se o judiciário é corrupto nosso índice que foi de 3,2 em 5. Ficou melhor do que países como Estados Unidos, Portugal e Espanha. Quando avaliada a polícia ou partidos políticos, não somos os únicos a os avaliarem mal. Vemos que estes são sempre entre os piores avaliados no mundo. Tal como aqui. Seja em que regime for. Mas quando perguntados se as medidas que estão sendo tomadas pelo seu país contra a corrupção são efetivas, 29% dos brasileiros dizem que sim, igual aos norte-americanos e maior que os austríacos, franceses e alemães.
Sábado Rosiska Darcy de Oliveira escreveu um artigo no O Globo lançando luz sobre a necessidade do combate a violência, a corrupção não se limitar a ações do estado. Elas devem começar por cada um, por nós mesmos. Coincidentemente a Transparency informa que 1 entre 4 pessoas no mundo já praticaram o pequeno suborno. E ao perguntar se no último ano a pessoa praticou esse ato de corrupção, o Brasil fica no último grupo, com somente 4% dos entrevistados o tendo feito. Fica atrás, portanto, de países como Áustria, Luxemburgo, França, Espanha, Estados Unidos. E a policia é o principal foco da corrupção.
Mas ao mesmo tempo, perguntada sobre o engajamento das pessoas na luta contra a corrupção, 73% da America Latina acredita que o cidadão comum pode ajudar nesta luta, 90% apoiariam colegas nesta luta e 81% se imaginam lutando de algum modo contra a corrupção. Índices quase iguais aos da União Européia, respectivamente 79%, 94%, 79%.
Na verdade alguns fatores podem ter contribuído para esta aparentemente melhor percepção brasileira sobre a corrupção. Primeiro é que o episódio do mensalão já tem mais de cinco anos. Influenciou menos nas respostas. Segundo por que temos visto juízes sendo aposentados e afastados dos tribunais, inclusive presidentes de tribunais, bem como políticos sendo processados. A Lei de Ficha limpa é muito recente para esta pesquisa. Tinha apenas 15 dias de vigência quando a pesquisa foi aqui realizada.
Paralelamente, considere-se que a crise financeira, as fraudes de grandes empresas e grandes bancos estrangeiros, a incapacidade do sistema financeiro dos países desenvolvidos em controlar os mercados deve ter agravado a percepção de corrupção nestes países. O que não houve por aqui.
Nos próximos dias o ex Presidente Jacques Chirac da França começará a depor sobre processos de corrupção em que é acusado. A Nigéria iniciou processo contra o ex vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney. O Presidente da Itália Silvio Berlusconi está quase permanentemente envolvido em supostos escândalos de múltiplas naturezas.
Tudo isto leva a algumas conclusões. A corrupção é sim problema mundial. Não tem ilhas neste drama. O Brasil está dentro da média dos demais países com que usualmente somos comparados. Não somos nem melhores nem piores. E mais. Que as populações de todos estes países se dispõem a fazer algo para combater a corrupção. Esta talvez uma das tarefas deste século XXI.
Joaquim Falcão escreve quinzenalmente neste Blog .
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